segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

O Sabor Salgado Universal

(Doitsu Shioaji Gosho – Pág.1447)

Há seis espécies de sabor: o primeiro é suave, o segundo é salgado, o terceiro é acre, o quarto é azedo, o quinto é doce e o sexto é amargo. Mesmo que o senhor prepare um suntuoso banquete com cem diferentes pratos, ele não será adequado como banquete para um grande rei se faltar o único sabor do sal. Mesmo o prato mais extraordinário de todas as terras e mares será insípido se não contiver sal.
O oceano tem oito qualidades misteriosas. Primeiro, o oceano torna-se gradualmente mais profundo. Segundo, sua profundidade é demasiadamente grande para ser imaginada. Terceiro, seu gosto é salgado é o mesmo em todos os lugares. Quarto, sua maré flui e reflui regularmente. Quinto, ele abriga muitos tesouros. Sexto, os seres vivos muito desenvolvidos residem nele. Sétimo, o oceano livra-se de todos os cadáveres. Oitavo, embora ele absorva todos os rios e grandes tempestades, seu volume não aumenta, nem diminui.
A primeira qualidade, ‘o oceano torna-se gradualmente profundo’, indica figurativamente que o Sutra de Lótus gradualmente leva todas as pessoas, desde os mortais comuns desprovidos de conhecimento até os sábios possuidores de conhecimento, a alcançarem o caminho do Estado de Buda. ‘Sua profundidade é demasiadamente grande para ser imaginada’, indica que o campo do Sutra de Lótus pode ser compreendido e compartilhado somente entre Budas; os bodhisattvas no estágio de togaku ou abaixo não tem possibilidade de conseguí-lo. Quanto à qualidade ‘seu gosto salgado é o mesmo em todos os lugares’, indica que todos os rios, que não contém sal, são comparáveis aos sutras diferentes do Sutra de Lótus, e não possibilitam a ninguém atingir a iluminação. Assim como a água de todos os rios acaba fluindo para o oceano tornando-se salada, os homens das mais diferentes capacidades, instruídos através dos vários ensinos provisórios, tornam-se capazes de alcançar o caminho do Estado de Buda através da fé no Sutra de Lótus. ‘Sua maré flui e reflui regularmente’ indica que todos os que abraçam a Lei Mística certamente alcançarão o estágio da não-regressão, mesmo que percam suas vidas. ‘Ele abriga muitos tesouros’ significa que as práticas e ações virtuosas de todos os Budas e bodhisattvas, assim como os benefícios dos paramitas, estão todos contidos dentro da Lei Mística. Quanto à qualidade ‘seres vivos muito desenvolvidos vivem nele’, Os Budas e bodhisattvas são aqui referidos como ‘seres vivos muito desenvolvidos’ porque possuem grande sabedoria. O grande desenvolvimento, a grande mente aspiradora, as grandes características extraordinárias, as grandes forças que derrotam o mal, a grande pregação, a grande autoridade, os grandes poderes ocultos, e a grande benevolência desses Budas e bodhisattvas – originam-se do Sutra de Lótus. ‘O oceano livra-se de todos os cadáveres’ significa, que através do Sutra de Lótus, uma pessoa pode livrar-se por toda a eternidade da ofensa de caluniar a Lei ou possuir descrença incorrigível. A oitava qualidade, ‘Seu volume não aumenta, nem diminui’ significa que a alma do Sutra de Lótus é o ensino segundo o qual todas as pessoas possuem igualmente a natureza do Buda. A salmoura, numa tina ou pote de uvas conservada em sal, flui e reflui exatamente de acordo com a maré do oceano. Um devoto do Sutra de Lótus submetido ao aprisionamento é como o sal da tina ou do pote, ao passo que o Buda Sakyamuni, que livrou-se da casa em chamas, é como o sal do oceano. Aprisionar um devoto do Sutra de Lótus é aprisionar o próprio Buda Sakyamuni. Como devem estar impressionados Bonten, Taishaku e os Quatro Reis Celestes ao presenciarem isso ! As Dez Deusas juraram punir aquele que perseguisse o devoto do Sutra de Lótus, partindo sua cabeça em sete partes. Quando será cumprido esse juramento, se não for agora !
Chagas virulentas abriram-se repentinamente em todo o corpo do rei Ajatashatsu, que havia aprisionado o rei Bimbisara. Como pode aquele que aprisiona um devoto do Sutra de Lótus evitar o sofrimento de ter o corpo todo aberto em chagas ?

Nitiren

Fundo de Cena

Não se conhece a data e o recebedor deste Gosho, e as razões que o levaram a ser escrito são também incertas, por falta de documentação confiável. Nitiren Daishonin poderia ter escrito este Gosho numa época em que seus discípulos estariam enfrentando perseguições, conforme indicam as afirmações: “Um devoto do Sutra de Lótus submetido ao aprisionamento” ou “aquele que aprisiona um devoto do Sutra de Lótus…” Existem diversos pontos de vista no tocante ao ano que foi escrito. Segundo um deles, teria sido em 1261, quando Daishonin foi exilado a Izu; segundo outro, em 1271, quando foi exilado à ilha de Sado; e, de acordo com um terceiro, em 1279, quando perseguições atingiram seus seguidores em Atsuhara. Dentre todas, 1261 parece ser a data mais provável.
Este Gosho consta de três seções. Na seção de abertura, Nitiren Daishonin afirma que há seis espécies de sabores, dos quais o do sal é o mais importante. Sem o sal, qualquer alimento perderia seu gosto. Através desta metáfora, Daishonin mostra que todos os sutras somente adquirem seus verdadeiros significados uando baseados na verdade revelada no Sutra de Lótus. Na segunda seção, ele cita as oito qualidades místicas do oceano enumeradas no Sutra do Nirvana, a fim de ilustrar as esplêndidas caracteristicas do Sutra de Lótus.
Na seção final, Daishonin compara o sal contido num pote ou tina de uvas conservadas em sal ao seguidor do Sutra de Lótus, e compara o sal do oceano ao Buda Sakyamuni. O sal do pote ou da tina constituía originalmente parte do oceano. Assim, a salmoura desse pote ou tina flui e reflui exatamente como o oceano e, analogamente, aprisionar um devoto do Sutra de Lótus é o mesmo que aprisionar o próprio Buda Sakyamuni. Daishonin proclama que aqueles que perseguem os devotos do Sutra de Lótus estão destinados a receber punições através das mãos dos deuses celestes. Em contraste, os que abraçam a Lei Mística podem no final atingir o Estado de Buda como mortais comuns, mesmo que encontrem sofrimentos.


Postado por BELAS HISTORIAS BUDISTAS

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