segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Sobre Atingir o Estado de Buda

Se o senhor deseja livrar-se dos sofrimentos de nascimento e morte que vêm suportando por eras eternas e deseja alcançar a suprema iluminação nesta existência, deve despertar para a verdade mística que sempre existiu dentro da sua vida. Esta verdade é o Myoho-rengue-kyo. Recitar o Myoho-rengue-kyo, portanto, capacita-lo-á a compreender a verdade mística dentro da sua vida. Myoho-rengue-kyo é o rei dos sutras, perfeita tanto nos caracteres como nos princípios. Suas palavras são a realidade da vida, e a realidade da vida é a Lei Mística. Esta é assim chamada porque elucida inclusive a mutualidade do relacionamento da vida e todos os fenômenos. Esta é a razão deste sutra ser considerado Myoho-rengue-kyo, 'a sabedoria de todos os Budas'.
A vida, em cada momento, engloba tanto o corpo como o espírito, a entidade e o ambiente de todos os seres sensíveis em todas as condições de vida, assim como seres insensíveis – plantas, céus e terras, até as mais minúsculas partículas de pó. A vida, em cada momento, permeia o universo e revela-se em todos os fenômenos. Aquele que entende esta verdade, demonstra a integridade da vida como o mundo fenômenal. Contudo, mesmo que recite e conserve o Myoho-rengue-kyo, se pensa que o estado de Buda existe fora do seu coração, isto já não é mais Lei Mística; é um ensino contrário a ela. Sendo assim, não é mais um ensino do Sutra de Lótus, mas um ensino provisório. Portanto, não é um caminho direto à iluminação. Desde que não é um caminho direto à iluminação, mesmo que pratique por um tempo incalculavelmente longo, não se pode atingir a iluminação. Por esta razão, torna-se muito difícil atingí-la. Portanto, quando se recita a Lei Mística e se lê o Nam-myoho-rengue-kyo, faça despertar a profunda fé que está indicando a sua própria vida, denominando-a de Nam-myoho-rengue-kyo.
Jamais pense que os 80.000 ensinos de Sakyamuni, assim como todos os Budas e Bodhsattivas do universo, existem fora de sua vida. Mesmo que estude o Budismo, se não perceber a natureza de sua própria vida, não se pode afastar do sofrimento da vida e da morte. Se procura o caminho fora de si mesmo e tenta praticar as mais variadas formas de exercício e de bondade, isto é igual a um pobre que calcula dia e noite a fortuna do seu vizinho e não obtém um tostão sequer para si. Tien-tai, portanto, afirma: "Se não percebe a natureza da sua própria vida, seus pecados passados não podem ser extingüidos". Isto quer dizer que, se não perceber a natureza da sua própria vida, mesmo que pratique o Budismo de nada adiantará; será apenas uma prática inteiramente inútil. Por esta razão, tal pessoa é humilhada como um praticante marginalizado do Budismo. Referindo-se a isto, no Maka Shikan consta: "Embora uma pessoa pratique o Budismo, suas concepções divergirão deste".
Por isto mesmo, recitar o nome do Buda original (Nam-myoho-rengue-kyo), ler o sutra ou oferecer "Shikimi" e incenso, tudo isto virá a ser causa de benefícios e boa sorte na vida de uma pessoa. Assim crendo, todos devem professar com fé. Daí, uma passagem do sutra "Jomyokyo" afirma que a iluminação é proveniente da mente das pessoas comuns e que estes atingirão a iluminação com a transformação de seus sofrimentos em Nirvana.
De acordo com o sutra, se a mente das pessoas é impura, sua terra também será impura. Pelo contrário, se suas mentes são puras, assim será a terra. Em uma palavra, não há duas terras – pura e impura – ao mesmo tempo. A diferença está na mente, boa ou má, das pessoas.
Pelo mesmo motivo, não há diferença real entre um Buda e um mortal comum. Enquanto desnorteada pela ilusão, a pessoa é chamada mortal comum, mas uma vez iluminada, é chamada de Buda. Por exemplo, um espelho embaçado brilhará como uma jóia se for polido. Sua mente, agora desnorteada pela escuridão inata da vida, é como um espelho embaçado, mas se o polir, é certo que transforma-se-á claro como cristal de iluminação das verdades imutáveis. Manifeste-se fortemente na prática da fé, polindo seu espelho incessantemente, dia e noite. Como deve poli-lo? Não há outro modo a não ser devotar-se à recitação do Nam-myoho-rengue-kyo.
O que então significa "myo"? É o nome dado ao mistério da mente, a incompreensível e inexpressível natureza da vida. Quando olhar em sua mente em qualquer momento, não perceberá a cor nem a forma para verificar que ela existe. Ainda assim, todavia, não poderá dizer que não existe, pois muitos pensamentos diferentes ocorrem continuamente no senhor. A mente, sem dúvida, é uma realidade que transcende tanto as palavras como os conceitos de existência e do nada. Não é nem existência ou inexistência, mas ao mesmo tempo, é dotado de ambas as qualidades. É uma entidade mística, o caminho médio que é a realidade de todas as coisas. "Myo" é o nome dado para a natureza misteriosa da mente e "ho" denota os modos em que ela se manifesta.
"Rengue", o lótus, exemplifica fisicamente a maravilha desta lei. Uma vez que o senhor sabe que a sua vida é a verdade mística, compreende que as vidas de todos os outros também são, e que a compreensão é o sutra místico, "myokyo". É o rei dos sutras que provê o direto caminho para a iluminação porque declara que todos os pensamentos que o senhor tem, sejam bons ou maus, é a própria Lei Mística. Crendo nisto profundamente, em seu coração e recitando Nam-myoho-rengue-kyo, definitivamente alcançará o Estado de Buda nesta existência. Por conseguinte, o Sutra de Lótus afirma: "Seguindo ao meu nirvana, deve tomar a fé neste sutra. Os que assim fizerem, estão certos de viajarem direta e verdadeiramente no caminho para o estado de Buda". Não permita que a mínima duvida se imponha sobre si. Com sua fé, alcance a iluminação nesta existência.

Nam-myoho-rengue-kyo.
Nitiren

Cenário Histórico

Este Gosho foi escrito em 1255, em Kamakura, quando Nitiren Daishonin contava com 34 anos de idade e foi endereçado a Toki Jonin.
Em 28 de abril de 1253, dois anos antes de escrever este Gosho, Nitiren Daishonin havia declarado a fundação da Nitiren Shoshu no Templo Kiyozumi com o propósito de salvar toda a humanidade. O Templo Kiyozumi situava-se na província de Awa, terra natal de Daishonin. Desde então, até a perseguição de Tatsunokuti ocorrida em setembro de 1271, Nitiren Daishonin desenvolveu uma grande campanha de propagação do Verdadeiro Budismo, tendo como centro a cidade de Kamakura.
Toki Jonin converteu-se ao Budismo de Nitiren Daishonin por volta de 1254 e mais tarde devotou-se à vida sacerdotal, recebendo o nome de "Jonin". Em 16 de julho de 1260, por ocasião da Perseguição de Matsubagayatsu, ocorrido logo depois que Nitiren Daishonin enviou "Rissho Ankoku Ron" ao Regente Hojo Tokimune, Toki Jonin abrigou Nitiren Daishonin em sua própria residência, protegendo-o da perseguição. Juntamente com Shijo Kingo, Toki Jonin foi uma das pessoas centrais da propagação do Verdadeiro Budismo. Toki Jonin recebeu inúmeros Gosho de Nitiren Daishonin, tais como Kanjin no Honzon Sho, Sado Gosho, Jonin Sho, Resposta ao Lorde Toki, etc.
O presente Gosho ensina que o ponto fundamental do Budismo é a iluminação, e onde se encontra o caminho direto para atingi-la.
A iluminação evidencia-se somente nas pessoas que recitam o Daimoku e que tomaram a consciência de que são entidade da Lei Mística. Os incontáveis sutras expostos por Sakyamini, e inclusive todos os Budas e Bodhisattivas, encontram-se dentro da vida de cada pessoa. Portanto, mesmo que se devote à prática do Budismo, se não acreditar na existência do estado de Buda dentro da vida, não se pode escapar do sofrimento da vida e da morte. Ensina também a importância da prática da fé com convicção de que todas as ações em prol do Budismo transformam-se em boa sorte e benefícios a si mesmo.

1) Ultrapassando os sofrimentos da vida e morte

Se você deseja se libertar dos sofrimentos do nascimento e morte... Recitar Nam-myoho-rengue-kyo entretanto te possibilita entender a verdade inata mística de todas as vidas. (WND, pág. 3).

Para libertar-se dos sofrimentos do nascimento e morte, precisamos perceber a verdade da Lei Mística inerente em todos os seres humanos. Para isso, Nitiren Daishonin nos orienta a recitarmos Nam-myoho-rengue-kyo.
“Nascimento e morte são os sofrimentos que os senhores vêm enfrentando desde um infinito passado”, este se refere ao ciclo eterno de nascimento e vida. Sem compreender o significado da vida e morte, esse infinito ciclo se torna um sofrimento eterno. Por esse motivo, na tradição budista a frase nascimento e morte é uma expressão do sofrimento.
Quando as pessoas estão passando por grandes sofrimentos, se torna difícil a idéia de pensar em repetir essa experiência em sucessivas existências por toda a eternidade. Por essa razão é possível entender o porque que as pessoas desejem romper o ciclo de vida e morte e de alguma forma gozar de paz e tranqüilidade longe desse ciclo.
Nitiren Daishonin afirma que atingiremos sem duvida alguma uma insuperável iluminação nessa existência. Aqui ele enfatiza a existência presente dentro de incontáveis outras desde o infinito passado até o presente momento. “Insuperável iluminação” significa acordar para a verdade pela qual podemos ultrapassar os sofrimentos do nascimento e morte.
É uma grande boa sorte termos nascidos como seres humanos porque temos a capacidade de romper esse ciclo de sofrimento de vida e morte como sendo um ciclo infinito e podemos atingir o mesmo estado de iluminação do Buda. Para aproveitar essa grande oportunidade nessa existência nós precisamos seguir a realidade Mística que existe inerentemente na vida de todos os seres vivos.

A Verdade Mística que Permeia Tudo o que Existe

Essa verdade é a Lei essencial do universo que sustenta todas as coisas. Um Buda é uma pessoa que consegue se iluminar através do entendimento que a raiz (fonte) da sua vida é essa Lei.
Essa verdade é difícil de se perceber claramente ou de se entender intelectualmente. Por isso, é chamada de mística. A verdade mística é a incomensurável Lei Mística.
A Lei Mística é o princípio fundamental que sustenta o universo e dá origem a todos os fenômenos. A palavra Lei em Budismo é a tradução da palavra dharma, cujo um dos significados em sânscrito é sustentar ou apoiar.
Podemos entender a função de sustentação de uma lei, quando nos baseamos no funcionamento das leis da sociedade. Por exemplo, temos leis que regulam o sistema de trânsito e, outras que regulam as transações comerciais. Essas leis funcionam para manter a ordem e os bons costumes na sociedade.
Além das leis estabelecidas pelos homens, há muitas outras leis que sustentam diferentes aspectos da vida e da natureza, como por exemplo as leis da física e da biologia.
A Lei Mística dá origem e sustenta todas as outras leis. É a Lei essencial que sustenta todas as coisas, tudo o que existe. Em razão da dificuldade de compreendê-la é chamada de mística.
No centro do Nam-myoho-rengue-kyo está o MyoHo, que é a própria Lei Mística. Se essa Lei sustenta tudo o que existe, conclui-se que sustenta as nossa vida também. É por essa razão que Nitiren faz menção a essa Lei como a verdade mística inerente a tudo o que existe. Mas, Nitiren explica: a menos que compreendamos essa verdade mística, não conseguire-mos alcançar a iluminação suprema do Buda nem tampouco acabaremos com o interminável sofrimento dos ciclos do nascimento e da morte.
As pessoas devem entender a Lei Mística, o que é difícil de fazer. Muitos pensam, nós, pessoas comuns, não temos como conseguir isso. Um Buda é uma pessoa muito especial, tão especial que consegue vencer semelhante desafio.
Nessa passagem, porém, Nitiren afirma algo extraordinário: nessa vida, qualquer pessoa tem o potencial para compreender a verdade mística, inerente à sua vida, e dessa forma se livrar do sofrimento dos ciclos do nascimento e morte.Com essa incrível afirmação, Nitiren Daishonin revela que o imperscrutável poder da Lei está ao alcance de todos nós. Sem distinção.
Todas as pessoas, explica Nitiren, podem alcançar esse nível, que muitas religiões afirmam que é reservado apenas para uma seleta elite.

O Significado de Myoho-Rengue-Kyo

Nitiren identifica Nam-myoho-rengue-kyo como o nome dessa Lei essencial, a verdade mística inerente a tudo o que existe.
Segundo Nitiren, quando uma pessoa recita o nome dessa Lei, é o mesmo que compreender (no seu sentido mais profundo) essa verdade mística.

Atingindo o Estado de
Buda Nessa Vida

Sakyamuni compreendeu a Lei Mística através da sua sabedoria e, tentou ensinar aos seus discípulos a prática para atingir a mesma sabedoria. Nitiren Daishonin, porém, nos ensina a cantar Nam-myoho-rengue-Kyo com a confiança inabalável que a Lei Mística existe dentro de nós. Recitar o Nam-myoho-rengue-kyo é uma expressão dessa confiança, a prova da nossa fé. Demonstra a nossa intenção de viver de acordo com essa Lei. Ao mesmo tempo, é uma afirmação que a nossa existência é essencialmente baseada nessa Lei.
Nitiren afirma que cantar Nam-myoho-rengue-kyo nos possibilita perceber a verdade mística inerente a toda vida. A grande contribuição de Nitiren foi a descoberta desse caminho para a realidade suprema.
Antes dele, a Lei Mística era apenas sugerida através de metáforas, nunca explicada diretamente. Diferente de mestres anteriores, Nitiren revelou que qualquer pessoa pode manisfestar essa verdade mística se desenvolver confiança na Lei Mística, através do ato de cantar o seu nome, ou seja Nam-myoho-rengue-kyo.
Quando essa verdade mística é ativada na vida de uma pessoa, o poder ilimitado da Lei Mística se manifesta livremente mostrando as várias facetas da força de um ser humano.
Por exemplo, a Lei Mística é revelada na vida de uma pessoa, como coragem, perseverança, sabedoria, compaixão e força para vencer as dificuldades da vida.
Essas qualidades, atributos do Buda, vêm à tona das profundezas da vida da pessoa. O ato de recitar Nam-myoho-rengue-kyo com confiança possibilita qualquer pessoa compreender a verdade mística e manifestar o Estado de Buda. O Estado de Buda é o mais alto estado de vida que cada um de nós pode atingir.
O Imenso Poder da Lei Mística se Manifesta na Vida de uma Pessoa como o Desabrochar de seu Potencial Ilimitado
É importante ressalvar que o que impede o poder da Lei Mística de se manifestar na vida de uma pessoa é o que o Budismo denomina de obscuridade fundamental. A obscuridade fundamental é a nossa própria ignorância e ilusão, enraizadas na nossa vida.
A obscuridade fundamental é a ignorância da Lei Mística que leva ao estado de confusão. Isso faz com que nos submetamos à influência dos impulsos negativos que nos conduzem à infelicidade. A nossa obscuridade fundamental é a raiz de todo o nosso sofrimento e infelicidade.
Quando despertamos para a Lei Mística, essa obscuridade fundamental é transformada. Para ilustrar, por analogia, a Lei Mística está para o sol, como a obscuridade fundamental está para as nuvens. Quando as nuvens carregadas são dissipadas, os brilhantes raios da luz do sol iluminam tudo imediatamente. Quando transformamos a nossa ignorância, o poder da Lei Mística começa a trabalhar nas nossas vidas criando benefícios e melhorando tudo ao nosso redor. Os benefícios e valores positivos que a Lei Mística faz aflorar nas nossas vidas podem ser comparados à flor de lótus, que floresce no pântano lamacento. O Myoho-rengue-kyo é a vida do Buda que está conectado com a Lei Mística.
Ainda que todas as pessoas sejam entidades da Lei Mística, se não lutarem para dissipar as pesadas nuvens da obscuridade fundamental, não conseguirão que o Estado de Buda emerja da profundidade de suas vidas. Cantar Nam-myoho-rengue-kyo somente, como se fosse uma fórmula mágica, não é o suficiente.
Para estabelecer o caminho que nos leva ao nosso Estado de Buda, precisamos travar uma batalha interna, para combater a obscuridade fundamental que está instalada nos nossos corações. A descrição dessa batalha em uma palavra é FÉ.
Nitiren Daishonin descobriu o Nam-myoho-rengue-kyo quando procedeu a um profundo estudo do Sutra de Lótus, que revela a iluminação do Buda. Através da sua própria luta interna, Daishonin comprovou que a Lei Mística também está dentro de nós.
A obscuridade fundamental pode se manifestar de várias formas, como por exemplo a dúvida, a insegurança, o sofrimento, etc. Uma pessoa somente é capaz de combater tudo isso através do poder da FÉ. Nitiren disse, a fé é a espada afiada com a qual uma pessoa pode confrontar e vencer a obscuridade fundamental. (O Registro dos Transmitidos Oralmente, págs. 119-20).
Desafiar as funções negativas da vida significa essencialmente combater a obscuridade fundamental. Atualmente, estamos combatendo a influência de Nitiren Soshu, que está tentando dificultar a realização do Kossen-rufu. Para maiores informações sobre Nitiren Soshu visite: www.sokaspirit.org.
Toda vez que confrontamos os vários obstáculos que se interpõem nas nossas vidas, estamos essencialmente confrontando a obscuridade fundamental. Se perdermos a nossa FÉ, a nossa convicção no nosso potencial para manifestar felicidade absoluta, a nossa inspiração para realizar o Kossen-rufu sucumbirá a esses obstáculos.
Recitar Daimoku (Nam-myoho-rengue-kyo) tem dois aspectos: fé e prática. A fé é o elemento fundamental, para se ter uma atitude efetiva ao cantar. A prática tem dois componentes: prática individual e prática para os outros. O primeiro aspecto da prática, o individual é como uma afirmação da nossa crescente FÉ no Gohonzon. À medida que continuamos, vamos naturalmente desenvolvendo a nossa compaixão em relação às outras pessoas, o que faz com que surja o desejo de compartilhar com os outros as maravilhas do Nam-myoho-rengue-kyo. Dar expressão ao desejo de compartilhar com os outros o Nam-myoho-rengue-kyo é o segundo aspecto da prática: a prática para os outros.
Recitar Daimoku do Sutra de Lótus, o Nam-myoho-rengue-kyo, faz com que, antes de qualquer coisa, desenvolvamos a nossa convicção, a nossa FÉ na Lei. Somente através da nossa luta espiritual, para desenvolver a FÉ e, aplicar os aspectos do ato de recitar Daimoku, tanto na nossa prática individual como na prática para os outros, é que conseguimos entender no coração a verdade mística inerente a tudo o que existe. Essa é a única receita para manifestar o poder do nosso Estado de Buda.

“SOBRE ATINGIR O ESTADO DE BUDA NESTA EXISTÊNCIA”

2) Minha Vida é uma Entidade da Lei Mística

Mesmo que recite e acredite no Myoho-rengue-kyo, se pensar que a Lei existe fora de seu coração, o senhor não estará abraçando a Lei Mística, mas um ensino inferior... Assim, quando recitar Myoho-rengue, deverá manifestar uma profunda fé de que o Myoho-rengue-kyo é a sua própria vida (END, pág. 3.)

Nitiren Daishonin nos adverte de que, embora possamos recitar o Nam-myoho-rengue-kyo, se acharmos que ele encontra-se fora de nós mesmos, então a nossa prática não será mais a prática da Lei Mística, mas um ensino inferior. Por essa razão, nos seria impossível atingir o estado de Buda nesta existência. Devemos entender que a nossa própria vida é uma entidade do Myoho-rengue-kyo e, por isso, se buscarmos a iluminação fora de nós mesmos, não estaremos praticando a Lei Mística, mas um ensino inferior.
Nitiren Daishonin afirma que se pensar que a Lei existe fora de seu coração..., sublinhando, dessa forma, que o ensino da Lei Mística baseia-se em princípios internos, inerentes à vida de cada um, e não em princípios externos. Como exemplo desse tipo de situação, tome-se o fato de muitas pessoas reverenciarem Budas e bodhisattvas, como se pertencessem a uma classe especial, mas considerarem suas próprias vidas como inferiores. Dessa forma, embora tais pessoas possam aparentar possuir uma grande fé, na verdade concebem suas vidas como algo desvinculado do Myoho-rengue-kyo. Esse tipo de pensamento é exemplificado pelo Budismo da Terra Pura, no qual o Buda Amida, que vive na Terra Pura, local para onde levará seus adeptos depois de falecidos.
As religiões que buscam a salvação no absoluto tendem a concentrar-se em questões dissociadas da vida das pessoas comuns. Além disso, essas religiões tendem a permitir o surgimento de intermediários entre o absoluto (ex. Deus, Buda) e as pessoas comuns. Pelo fato de o clero, na qualidade de intermediário, arvorar-se em um grupo mais perto de Deus ou de Buda, passa então a ser visto como um grupo de seres superiores, situados em um patamar acima das pessoas comuns. Essa visão discriminatória – que é a essência da seita Nitiren Shoshu – é também um exemplo da crença equivocada de que a Lei existe fora de seu coração. Nitiren Daishonin esclarece que a recitação do Nam-myoho-rengue-kyo com essa perspectiva não é a prática correta que nos capacita a atingir o estado de Buda nesta existência. Essa escritura de Daishonin já é, por si só, uma refutação da seita Nitiren Shoshu.
De forma geral, as religiões estão centradas no clero. Nitiren Daishonin, contudo, opunha-se a isso. Tendo por base o ideal do Sutra de Lótus, segundo o qual todas as pessoas podem atingir a iluminação, Nitiren transcendeu a tendência das religiões de centrarem-se no clero e, portanto, transcendeu também o potencial de autoritarismo inerente a tal situação.
Desde o primeiro Presidente da Soka Gakkai, Tsunesaburo Makiguti, os membros da SGI praticam de conformidade aos ensinos de Daishonin. Porém, muitos membros do clero da seita Nitiren Shoshu, voltados apenas para a manutenção de seus privilégios, reagiram contra os pontos de vista da SGI relativamente à prática da fé entre seus adeptos. Enquanto alguns membros do clero reconheciam a correção da prática da SGI, a maioria, contudo, abusava da autoridade religiosa que detinha.
Durante o período feudal no Japão, o governo encorajava os membros do clero das seitas budistas a exercerem a maior autoridade possível sobre as pessoas comuns. Esse sistema promoveu entre os praticantes laicos uma relação de subserviência para com os religiosos. O clero da seita Nitiren Shoshu exerce, mesmo nos dias de hoje, essa autoridade religiosa. Nikken Abe, que foi sumo prelado, tentou destruir a religião dedicada ao kossen-rufu, organizada pela Soka Gakkai, buscando reavivar uma doutrina centrada no clero. Por conta das ações do sumo prelado com esse intento – que ficaram conhecidas como ´Operação C` -, podemos afirmar que o clero da Nitiren Shoshu caluniou a Lei, afastando-se fundamentalmente do budismo de Nitiren Daishonin.
Tendo em vista o fato de que Daishonin adverte repetidamente para que não se busque a Lei fora de nossa própria vida, podemos transcender o destino de religiões que caem no formalismo e no autoritarismo. Essa advertência de Daishonin pode ser considerada seu padrão fundamental para se avaliar uma religião.
De acordo com o presidente Ikeda, aqueles que conduzem a fé e a recitação do Nam-myoho-rengue-kyo sustentados pela convicção de que o Myoho-rengue-kyo é a Lei fundamental que rege suas existências, experimentam a eternidade da vida e fazem com que dela brote incessante energia, que nada pode destruir. Nessas condições, afirma o presidente Ikeda, não importa o que aconteça, seguiremos desfrutando de um completo estado de liberdade: esse é o estado de Buda, e nisso reside o profundo da recitação do Nam-myoho-rengue-kyo. (The World of Nichiren Daishonin´s Writings, vol 1, págs 127-28.)
Myoho-rengue-kyo é a lei fundamental e eterna que rege o Universo. Todos os fenômenos surgem da profundeza de um grande oceano chamado de Lei Mística, e para ele retornam.O estado de Buda permite-nos manifestar livremente o ilimitado poder da Lei Mística em nossa vida e em nossas ações. Contudo, quando as nuvens escuras da dúvida e da desilusão cobrem nossa existência, não mais podemos manifestar o ilimitado poder da Lei. Essa é a razão dos sofrimentos do nascimento e morte, existência após existência. O ponto mais importante é manifestar uma fé sincera. Desenvolver tal convicção, porém, é uma tarefa das mais difíceis, pois sempre permitimos que nosso ´ego menor` controle nossa vida.
A realidade da vida é uma sucessão de preocupações. Por essa razão, é crucial decidir: minha vida é Myoho-rengue-kyo. Com esse entendendimento, podemos corajosamente desafiar e vencer as preocupações. Com a confiança de que somos Myoho-rengue-kyo e de que jamais será preciso retroceder, é possível desafiar todos os obstáculos. Conseguir ou não manifestar uma coragem que seja a expressão de nossa confiança – ou fé –, consiste na chave da vitória em nossa vida. Superar nossa própria covardia, apesar de toda a negatividade que possa surgir em nossa vida, é o ponto mais importante. Devemos avançar sem retroceder um único passo, desenvolvendo a confiança de que temos poder suficiente para fazer isso. Esse poder é o Myoho-rengue-kyo. Se, ao contrário, temermos os obstáculos e retrocedermos, estaremos escolhendo acreditar que a Lei existe fora de seu coração. Devemos nos precaver contra essa queda. O cerne da questão, portanto, é desenvolver uma coragem que se baseie na fé. A fé – ou convicção – é a causa, e o estado de Buda é o efeito, e causa e efeito são as duas faces de uma mesma moeda.

Nenhum comentário:

Postar um comentário